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quarta-feira, 21 de março de 2018

O léxico presidencial, no ‘‘desporto’’

"A semântica é importante, porque é através das palavras que transmitimos as nossas ideias, ou seja, aquilo que queremos transmitir a terceiros com uma certa fiabilidade

A Sociologia do Desporto tenta, e temos tentado, esforçadamente, explicar a diferença entre o conceito de Desporto e desempenho Profissional, no âmbito de uma actividade desportiva.
O Homem começou por não ter tempo senão para trabalhar, lazer... zero. Era a jornada de 14 a 16 horas/dia.
Só muito mais tarde é que começou a ter algum tempo livre, e aí, nasceu o dito desporto de rua, rudimentar, com regras de ocasião e sem conhecimento de qualquer natureza, era só para passar o tempo, não tinha objectivos de outra ordem.
Só com a “invenção” da Escola nasce a actividade desportiva de natureza pedagógica e educativa... 
Quer isto dizer que é o Desporto com fins educativos, pedagógicos e de saúde, e sem que a sua prática seja remunerada, aquilo a que se chama Desporto.
Aqueles trabalhadores de modalidades desportivas, não são desportistas, nem tão pouco atletas, são apenas, e só, trabalhadores. Um bom, e fácil exemplo é o taxista; quando trabalha é um trabalhador, e quando, em férias, entra num “rally”, é um desportista.
Confundir os dois planos é pura ignorância, e seria bom que figuras públicas não cometessem esse erro!
A Presidência da República, ou o Presidente, comentaram, publicamente, a morte de um adepto de um clube de futebol, fazendo depois considerações erróneas, acerca de como deve ser a vivência, no âmbito do “Desporto”, só que referia-se ao “Futebol Profissional”, que não é Desporto, é tão-só o trabalho de alguns que se dedicam ao futebol a troco de dinheiro, não são desportistas ou atletas, são apenas trabalhadores do desporto.
Seria bom que, o “Assessor da Cultura” do Palácio de Belém, lesse, às 4ª feiras, semana sim, semana não, a crónica da “Sociologia do Desporto”, no âmbito Sócio-Político, no jornal “i”.
Aí podia aprender alguma coisa e impedia que o Presidente produzisse afirmações completamente erradas, e mais, que induzem, os cidadãos, em erro, o que não é apropriado vindo do “Palácio Presidencial”...
No “Correio da Manhã” o mesmo erro, quando um ilustre cronista, jurista, em 24/Abril/17, chama Desporto ao Futebol Profissional!
A semântica é importante, porque é através das palavras que transmitimos as nossas ideias, ou seja, aquilo que queremos transmitir a terceiros com uma certa fiabilidade.
Descurar este objectivo é falhar a finalidade da linguagem quando esta quer traduzir, ou relatar, uma realidade, um facto, com uma exatidão rigorosa. A mesma palavra não pode ter dois significados diferentes, a menos que usemos uma linguagem figurada como aquela, extraordinária, que deu um prémio a um colega nosso na 4ª classe da “I.P.”, quando um Mestre Escola desafiou o aluno mais inteligente da turma a construir uma frase, e a transmitir uma ideia, usando só a mesma palavra várias vezes. Eis que ele disse: “Óh sopa, sopa na sopa”; ou seja “Óh empregada (criada) não quero sopa” .Brilhante, mas isto não é português, isto é calão e linguagem figurada.
Mas para falar de “desporto” é preciso saber a diferença entre praticar desporto, como ato cultural, ou trabalhar no desporto e viver dele como fonte de rendimento e forma de sustento! São coisas distintas, não são iguais, e chamar desportista ao Ronaldo é ofendê-lo porque ele é, sim, o profissional de futebol mais virtuoso que apareceu até hoje.
É um génio, um grande artista, pago ao preço do ouro. Quando fizer o que faz sem qualquer remuneração aí será um desportista. Esta a diferença."

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